Falar dos benefícios físicos de praticar exercícios parece chover no molhado. Afinal, por qual outro motivo nos exercitarmos se não para fortalecer toda a estrutura física? Na verdade, o treino que você faz para estar bem fisicamente se reflete – e muito – na sua saúde mental.
Durante a atividade física, o corpo libera uma série de substâncias químicas que influenciam diretamente o humor e a função cerebral. Esses efeitos fisiológicos têm demonstrado ser eficazes na redução dos níveis de estresse, ansiedade e depressão, além de melhorar a autoestima e a qualidade do sono.
Esses aspectos são particularmente importantes em um mundo onde o estresse e a ansiedade são cada dia mais comuns, e onde a busca por soluções naturais e sustentáveis para o bem-estar mental se faz urgente.
Neste artigo, discutiremos como o exercício pode ser uma terapia complementar eficaz para transtornos mentais, como ele promove o bem-estar mental e como você pode integrar a atividade física na sua rotina diária de forma prática e agradável.
Efeitos fisiológicos da atividade física no cérebro
A prática regular de atividade física provoca uma série de mudanças fisiológicas no cérebro que são benéficas para a saúde mental. Veja abaixo alguns dos principais mecanismos pelos quais se exercitar influencia positivamente o cérebro.
1. Liberação de endorfinas
As endorfinas são neurotransmissores conhecidos por suas propriedades analgésicas e de indução de bem-estar. Durante a prática de exercícios, especialmente aqueles de alta intensidade, o corpo aumenta a produção de endorfinas, que ajudam a reduzir a percepção de dor e geram sensações de prazer e euforia. Esse fenômeno é frequentemente chamado de “runner’s high“, uma sensação de bem-estar e alegria que muitos corredores e atletas experimentam após um treino intenso.
2. Produção de serotonina e dopamina
A atividade física também está associada ao aumento da produção de serotonina e dopamina, dois neurotransmissores que devem estar presentes para a regulação do humor, motivação e sensação de recompensa.
A serotonina é frequentemente chamada de “hormônio da felicidade”, pois está diretamente ligada à regulação do humor e à sensação de bem-estar. A dopamina, por outro lado, está associada à motivação e ao prazer.
Pessoas com baixos níveis de serotonina e dopamina podem se beneficiar significativamente da atividade física, pois ela promove um equilíbrio químico saudável no cérebro.
3. Desenvolvimento de novos neurônios
É incrível: o tempo que você dedica aos exercícios pode, inclusive, levar à formação de novos neurônios, o que se chama de neurogênese. O exercício, especialmente o aeróbico, estimula a produção de fatores neurotróficos, como o fator neurotrófico derivado do cérebro (brain-derived neurotrophic factor ou BDNF). O BDNF é crucial para o crescimento, manutenção e sobrevivência dos neurônios.
A neurogênese melhora a função cognitiva, incluindo a memória, o aprendizado e a capacidade de processar informações. Além disso, ela tem um papel importante na resiliência do cérebro a condições estressantes, ajudando a proteger contra doenças neurodegenerativas e transtornos mentais.
5. Redução dos níveis de cortisol
O cortisol é conhecido como o “hormônio do estresse”. Na medida certa, ele faz bem. Porém, níveis elevados de cortisol no corpo podem levar a vários problemas de saúde, incluindo ansiedade, depressão e comprometimento da função cognitiva.
A redução do cortisol através do exercício físico regular contribui para uma menor sensação de estresse e ansiedade. Isso ajuda a criar um ambiente mental mais estável e saudável, permitindo que as pessoas lidem melhor com os desafios diários.
6. Melhoria da conectividade cerebral
A atividade física também melhora a conectividade entre diferentes regiões do cérebro. Isso é particularmente importante para funções cognitivas superiores, como a tomada de decisões, planejamento e controle executivo. Exercícios aeróbicos, em particular, demonstraram melhorar a conectividade no hipocampo, uma região do cérebro associada à memória e ao aprendizado.
7. Melhora da autoestima e autoconfiança
A prática regular de atividade física pode melhorar a autoestima e a autoconfiança. Conquistar metas pessoais no exercício, como correr uma determinada distância ou levantar um certo peso, proporciona uma sensação de realização e aumenta a percepção de autoconfiança. Essa sensação de conquista pode se traduzir em maior segurança em outras áreas da vida.
8. Terapia complementar para transtornos mentais
Exercícios físicos são frequentemente recomendados como parte do tratamento para transtornos mentais. A prática regular pode complementar outros tratamentos, como a terapia cognitivo-comportamental e a medicação, oferecendo uma abordagem holística para quem tem alguma condição relacionada à saúde mental. A combinação de diferentes abordagens pode aumentar a eficácia do tratamento e proporcionar alívio mais rápido dos sintomas.
9. Melhoria da qualidade do sono
Exercícios físicos ajudam a regular o ciclo sono-vigília, promovendo um sono mais profundo e restaurador. Isso é especialmente importante porque o sono de boa qualidade é essencial para a recuperação física e mental.
10. Redução do risco de doenças neurodegenerativas
A atividade física tem sido associada à redução do risco de doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson. O exercício melhora a circulação sanguínea e estimula a neurogênese, o que pode retardar a progressão dessas doenças, entre outras ações.
Físico e mental trabalham sempre juntos, nunca separados
Em um mundo onde o estresse e a ansiedade estão cada vez maiores, exercitar-se surge como uma solução natural e acessível para melhorar a saúde mental. Com consistência, é possível alcançar uma mente mais saudável e equilibrada e, consequentemente, uma vida com maior qualidade.
Escolha atividades que você gosta, estabeleça metas realistas, encontre um parceiro de treino e varie os tipos de exercícios, pois nem você nem sua mente merecem monotonia, certo?